15.7.09

SOMOS QUEM SOMOS!

. . .
Fazemos Amor
no Divino incesto
da criação caótica.
Somos a génese
a promessa
de não ser
aquilo que somos.
.
Somos dois
Somos um
Quem somos?
Somos quem somos!
.
Amamos
o caos Divino
na criação incestuosa.
Somos o prazer
de estar e ser.
Somos o beijo
na tempestade
dos sentidos.
Somos o raio
no orgasmo repartido.
.
Somos dois
Somos um
Quem somos?
Somos quem somos!
.
Divinos na Postura
Profanos no Amor
Heréticos na Vida
Amamos longe a distância
Queremos o intangível
Sonhamos o sonho
Somos Deus
Somos o Diabo
Somos o Amor
.
Somos dois
Somos um
Quem somos?
Somos o que somos!
.
Somos o desejo
a arder
a queimar
a saciar o querer.
Somos um ponto
não temos tempo.
Somos o ponto sem tempo
.
Somos dois
Somos um
Somos o nada
Somos o tudo
Somos o princípio
Somos o fim
Quem somos?
Somos quem somos!
.
Somos o abraço
Somos os corpos
Somos um corpo abraçado
Somos tudo
Somos nada
Quem somos?
.
Tu e Eu
Somos quem somos?
Ou somos
Quem julgamos ser?
.
Somos dois
Somos um
Quem somos?
Somos quem somos!
.
Somos o grito
da carne rasgada
no sangue da vida.
Somos o orgasmo
no altar
da comunhão.
Somos o sexo
erecto e húmido
na paixão de nós.
.
Somos dois
Somos um
Quem somos?
Somos quem somos!
.
Somos o Avatar
do Amor silencioso
e da paixão rouca
no grito dos corpos.
Somos o Divino
no beijo perdido.
Somos o Mal
no afago querido.
.
Somos tudo
Somos Nós
Quem somos?
Somos quem somos!
.
Somos o preto
Somos o branco
Somos a cor
na vida cinzenta
do olhar perdido
no fundo de nós.
Somos a tempestade
Somos o trovão
o vendaval destrutivo
na tranquilidade inócua
das existências.
Somos o tempo passado
Somos o tempo futuro
Somos o tempo sem tempo.
.
Apenas somos
quem Somos!

17.6.09

I´M A BLACK MAGIC WOMAN

I’m a Black Magic Woman, cantava a Lila Downs no já indispensável Ipod. Não importava que o convés do barco fosse o local mais improvável para o colocar, mas a ondulação tímida e preguiçosa que nos saudava a isso convidava. Escrevi a frase de rajada, no também já indispensável portátil, sem reparar nos ava que rimavam numa ondulação em simpatia. A costa estrelada, confundia-se com as luzes de fundeio dos veleiros dormitando em segurança na baía de coral. O vento caíra finalmente, e pairávamos na bem-aventurança do sossego merecido, após a tormenta já esquecida. Ainda restava um pouco da adrenalina adquirida, mas seria de pouca duração. Anestesiados pelo também já indispensável Mount Gay, olhávamo-nos como duas crianças triunfantes na aventura proibida. O que estás a escrever, perguntaste. Nada de especial, apenas pairando como se estivesse dentro de uma sopa de letras, recolhendo aqui e ali palavras formadas pelas espirais caóticas do acaso, respondi a custo. Naquele momento até as palavras me custavam a sair. Então e o romance que estavas a escrever?, Já o acabaste? Olhei para B. com olhos de falta de paciência. Eu era a rainha, a amante, a meretriz, a sacerdotisa, a mãe e a mulher que sabia de tudo e de todos. Ele era o rei, o amante querido e desejado, que sabia de tudo que lhe dissesse respeito, passando distraído no resto. É genético, nem sei porque é que ainda me espanto, pensei para comigo. Olhei-te de novo, e repeti a mesma frase das últimas noites. Estou nos finalmentes, falta muito pouco. Encolhi os ombros no gesto reflexo quando me respondeste com um longo AAAAAAA, mais preocupado com o teu copo já vazio, do que com o que faltava no romance. Pensei para comigo, Dava-me jeito encher o espaço que faltava para acabar o texto, como se enche um copo de rum, sempre até à borda, sempre até ao fim. A Lila acabou a canção, tú acabaste o copo de Mont Gay, e eu acabei este texto. De seguida, desnudo-me e mergulho nas águas mornas e escuras do Caribe em direcção ao final do meu romance.
 
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