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Porque é que se chamava assim, nem ela própria sabia. Toda a vida, desde que se lembrava, que a chamavam assim. Maria, Maria, ainda percebia, Tenho cara de Maria, costumava pensar, quando se via ao espelho depois do banho matinal. Tenho cara de Maria, mas tenho corpo de outra coisa, cismava enquanto olhava para o reflexo do corpo nu. O pescoço parecia que dava pelo nome de Alzira, nunca tinha gostado muito do pescoço, nem do nome de Alzira. Lembrava-lhe a criada gorda que a tia tinha lá em casa, sempre ofegante e com as bochechas rosadas, mas o mais curioso é que não se lembrava do pescoço da criada, e no entanto o seu pescoço falava Alzira. E nem era rosado, era branco e esguio com uns pontinhos castanhos.
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De seguida o olhar desceu para os seios, pequenos e ainda rijos, E vocês como é que se chamam?, perguntou com ar irónico a tender para o absurdo da situação. Gilbertas, somos as manas Gilbertas, pensou ouvir bem no centro da cabeça. Gilbertas, as mamas dão pelo nome de Gilbertas?, interrogou-se, e de seguida sorriu com o trocadilho, Manas que são mamas, realmente.
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Foi com prazer que afagou a leve curva que lhe moldava a barriga, era pessoa conhecida e desde muito cedo que lhe sabia o nome, Mercedes. Era isso, sempre soubera que tinha barriga de Mercedes, com o umbigo a puxar para o mexicano. Daí o nome, Mercedes. Mais uma vez, enquanto acariciava ao de leve a barriga, não se questionou sobre o que seria um umbigo a tender para o mexicano. Era um dado adquirido e pronto, não se pensava mais nisso. A Mercedes também não se manifestava, logo tudo estava em ordem. Onde as coisas não estavam muito em ordem era mais abaixo. Não precisou de lhe tocar para sentir o fogo a espalhar-se e a subir rapidamente pela coluna acima até se espraiar na libido meio consciente. Bastou dirigir o pensamento, cheio de recordações agradáveis e não muito distantes, para que a onda de fogo despertasse completamente a libido meio adormecida.
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Fechou os olhos e deixou-se invadir pelo torpor prazenteiro, enquanto a mente se enchia de pensamentos diversos, que se atropelavam uns aos outros, até não serem mais do que palavras que flutuavam no vazio da consciência. Mil palavras, que se combinavam e separavam, a um ritmo por vezes lento, por vezes tão rápido que não se percebia o sentido. Mil palavras que se fundiram num ponto de luz, no preciso momento em que Maria das Mil Palavras, atingiu, uma vez mais, o êxtase no orgasmo continuado, até se fundir e misturar com a realidade que a envolvia.
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Alguns, chamam a este estado, Nirvana, e passam a vida inteira a tentar alcançá-lo. Para Maria das Mil Palavras, é a forma mais agradável e natural de começar o dia.
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28 comentários:
:) e... que óptima maneira de se começar o dia :)
uau!! as voltas que dás para dizer as coisas de uma forma tão bela... lindo!
esta ceremony começa bem Maria, e que bonitas são as paredes do teu duche, ton sur ton com a tua pele ensaboada
para alem do teu imaginário e da tua escrita, é também um enorme prazer ver as fotografias que nos mostras, talvez um dia nos fales disso, da cuidada encenação como da irrepreensivel técnica
resto de bom dia
Pergunto se haverá outra, a não ser por falta de tempo.
Quanto ao texto, nada a dizer. A qualidade do costume.
Bem vinda amiga
Beijo
Uma música que, associada ao texto, nos leva a sentir que estamos a assistir ao nascimento de algo muito especial... um tema aparentemente tão simples mas que, com tal abordagem, assume-se como uma obra de arte...
Ah! confesso que "nos" faz divagar também...:)
Belo texto. Não resisto a uma pequena parvoeira:
- Tens um umbigo a puxar para o mexicano? Ó Mercedes, Benze-te!
guau que cambio de look. me ha encantado te ves mas sensual, mas exotica..... la foto del saxofon ufffffff....
feliz año
muacks
Bem.... Maria das Mil e Uma Noites... gostei, já agora passa a noite da passagem com um Manel que gostes dentro de um mercedes...
beijo se me for permitido... claro..
Olhos abertos de espanto
A esperança renovada
Há um novo ano que anuncia
Os passos da felicidade na sua chegada
E porque gosto de ti
Companheira de viagem
Que a minha companhia
Não seja uma miragem
E porque tocaste o profeta
Com a delicadeza da tua terna mão
No abrir das minhas portas
Ilumino teu coração
Um mágico 2008
Um beijo da luz
1000 prazeres! Continuava a ler muito mais...pena ter acabado!
bj
Boas entradas em 2008!
;)
Beijos*
Respondi-lhe na hora, naturalmente ;) belo texto: conhecmento do nosso corpo :)
Um exercício muito "solitário"... mas muito bem descrito.
oh pá só não entendo é porque uma mulher tão bonita tem que se...apaixonar...enfim...
Não há forma mais agradável de começar o dia que essa... e acabar a noite também...
Ai, um umbigo mexicano...
(Suspiros) - não pelo mexicano, mas apenas pelo Sr. 1Bigo.
mais uma vez reitero o obrigado da linkagem :)
bom ano para 2008 repleto de inspiração
Bjs
Maria
Tenho um presente que gostaria de te entregar, mas não encontro um mail para onde o possa enviar =/ Se quiseres o meu mail está disponível no blog :)
Beijos*
Ola,
Passo para deixar um grande beijo e desejar um Feliz 2008 com muito sucesso, alegria e amor...
Beijo
Vity
Passei para te desejar boas entradas, e que 2008 te traga tudo aquilo que mais desejas
beijos!
Votos de um excelente 2008.
beijos e abraços
Ana e Jorge
Pois eu acho que quem escolheu o meu nome, estava certo... Red, de fogo, paixão e também ruborizadas palavras.
A Maria Mercedes tem sorte de se mimetizar entre algumas máscaras e aparências.
Fabuloso este teu texto!
Beijos e feliz 2008!
Belo texto!
Agradeço o link e as tuas simpáticas palavras no meu blog. Beijinhos, Bom Ano!
Ai o Corpo, que segredos de nós mesmo esconde?
Adorei o texto e todos os seus "quês" adjacentes.
Um Beijo Estrondoso :))
bom ano!!Tudo de bom pra ti!!Amor,paz alegria,sexo e já agora muito dinheirinho que tb dá jeito!!
Beijinhos endiabrados
P.S:Gostei do novo look...continua!
os nomes do corpo: genial.
:)
beijos** e Bom Ano!
Amei ler-te...
Fiquei sem palavras!...
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