17.6.09

I´M A BLACK MAGIC WOMAN

I’m a Black Magic Woman, cantava a Lila Downs no já indispensável Ipod. Não importava que o convés do barco fosse o local mais improvável para o colocar, mas a ondulação tímida e preguiçosa que nos saudava a isso convidava. Escrevi a frase de rajada, no também já indispensável portátil, sem reparar nos ava que rimavam numa ondulação em simpatia. A costa estrelada, confundia-se com as luzes de fundeio dos veleiros dormitando em segurança na baía de coral. O vento caíra finalmente, e pairávamos na bem-aventurança do sossego merecido, após a tormenta já esquecida. Ainda restava um pouco da adrenalina adquirida, mas seria de pouca duração. Anestesiados pelo também já indispensável Mount Gay, olhávamo-nos como duas crianças triunfantes na aventura proibida. O que estás a escrever, perguntaste. Nada de especial, apenas pairando como se estivesse dentro de uma sopa de letras, recolhendo aqui e ali palavras formadas pelas espirais caóticas do acaso, respondi a custo. Naquele momento até as palavras me custavam a sair. Então e o romance que estavas a escrever?, Já o acabaste? Olhei para B. com olhos de falta de paciência. Eu era a rainha, a amante, a meretriz, a sacerdotisa, a mãe e a mulher que sabia de tudo e de todos. Ele era o rei, o amante querido e desejado, que sabia de tudo que lhe dissesse respeito, passando distraído no resto. É genético, nem sei porque é que ainda me espanto, pensei para comigo. Olhei-te de novo, e repeti a mesma frase das últimas noites. Estou nos finalmentes, falta muito pouco. Encolhi os ombros no gesto reflexo quando me respondeste com um longo AAAAAAA, mais preocupado com o teu copo já vazio, do que com o que faltava no romance. Pensei para comigo, Dava-me jeito encher o espaço que faltava para acabar o texto, como se enche um copo de rum, sempre até à borda, sempre até ao fim. A Lila acabou a canção, tú acabaste o copo de Mont Gay, e eu acabei este texto. De seguida, desnudo-me e mergulho nas águas mornas e escuras do Caribe em direcção ao final do meu romance.

7 comentários:

pzs disse...

já que mergulhar nessas águas agora me parece díficil, no teu romance seria fantástico...

; )

Jaime disse...

Mercedes, fico contente de te voltar a ler! Sempre tive esperanças em ti :-) Não sabia que eras sacerdotisa. É uma palavra gira.
Também resolvi publicar mais. Ler-te, e a mais uma ou outra pessoa, excitou-me nesse sentido. Mas não faço ideia se continuarei.
Um beijo.

JOTA ENE ✔ disse...

Poizé, andaste desaparecida.

Tá td bem?

Bom f-d-s

Bjos________fotografados

Patricia Gold disse...

Los mares del Caribe???...
ahhhhh...qué placer Maríaa!!!
Acá tengo un frío que no soporto..

Qué alegría volver a verte. Creí que habías cerrado el blog.

Me alegra leerte y seguir imaginando que bailás al compás de esa música..:)

Miles de besos para voçe

Patry

Devaneante disse...

Gostei de voltar a "ver-te" por aqui! Também eu estou recém chegado de uma ausência, embora menos prolongada que a tua.

Como sempre, gostei de te ler.

~pi disse...

belo texto

[ verão onde se nade

líquidas-letras :)




~

Shelyak disse...

Aiiii esta foto... (para não falar no texto)
:)))

 
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